A
VIA SACRA
Adaptação do método contido no “Manual
do Christão” de Leonardo Goffiné – 10ª edição. 1925
"A linguagem da cruz é loucura para os que se
perdem, mas, para os que foram salvos, para nós, é uma força divina. Está
escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e anularei a prudência dos
prudentes (Is 29,14). Onde está o sábio? Onde o erudito? Onde o argumentador
deste mundo? Acaso não declarou Deus por loucura a sabedoria deste mundo? Já
que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina,
aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Os judeus
pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo
crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos; mas, para os
eleitos – quer judeus quer gregos –, força de Deus e sabedoria de Deus. Pois a
loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais
forte do que os homens." I Coríntios. I, 18-25.
"Eu não quero saber d’outra coisa,
senão de Jesus, de Jesus Crucificado" (I Cor. II, 2). Quem quiser, diz
S. Boaventura, crescer sempre em virtude e em graça, medite incessantemente os
sofrimentos de Jesus Cristo. Ao mesmo Santo, perguntou Santo Tomás de que livro
se socorria para tão belos ensinamentos quais eram os seus, e apontou São
Boaventura para a imagem do Senhor na cruz: ‘Eis aqui, disse, o livro onde
aprendi o pouco que sei’. Não há bálsamo tão consolador nas tribulações,
lenitivo tão doce aos sofrimentos, conforto tão eficaz para as desventuras,
como a lembrança da Paixão de Jesus. Nas chagas de Jesus crucificado aprenderam
os Santos a coragem e constância com que sofreram as torturas, o martírio e a
morte.
ORAÇÃO PREPARATÓRIA
Ó Doce Jesus meu! Amo-Vos mais que todas as coisas,
porque sois infinitamente bom. Pesa-me de todo o coração, de vos ter ofendido,
a Vós, que sois meu soberano bem. Ofereço-Vos este piedoso exercício em memória
do que sofrestes no caminho do Calvário, por amor de mim, que sou um indigno
pecador. – (Se for oferecido às almas do purgatório) Intento ganhar as
indulgências e aplicar às almas do Purgatório, as que lhe são aplicáveis.
ESTAÇÃO I. Jesus condenado à
morte.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi (Nós vos adoramos,
Senhor Jesus, e vos bendizemos)
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum. (Porque
com a vossa cruz remistes o mundo)
PODIA o Divino Salvador nosso pulverizar com uma
palavra, com um olhar só, aquele infame Juiz e a turba dos Judeus e algozes;
queria, porém, satisfazer à justiça de seu Pai por todos os pecados do mundo,
calou-se!... Obrigue-nos este exemplo a sofrer as injustiças dos homens, como
satisfação à justiça eterna, tantas vezes por nós desacatada.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI
V. Miserere nostri, Domine (Tende
piedade de nós, Senhor)
R. Miserere nostri (Tende
piedade de nós)
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
(Sancta Mater istud agas, crucifixi fige plagas,
cordi meo valide)
A morrer crucificado / Teu Jesus é condenado / Por teus crimes, pecador (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO II. Jesus com a cruz às
costas.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
RECEBE Jesus, o justo por excelência, da mão dos
algozes, o pesado lenho do seu sacrifício: E nós, pecadores, como recebemos as
cruzes, às vezes tão leves, que nos envia o misericordioso Senhor, para
lembrar-nos a devida penitência? – Comparemos, julguemos!
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Sob a cruz ei-lo, gemendo / Vai sofrendo, vai sofrendo / Vai morrer por teu amor (2X)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO III. Jesus cai debaixo
da cruz, primeira vez.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
CAI ao peso da cruz nosso Redentor. Levanta-se no meio
de sangrentos insultos. Eis como se dignou expiar nossas quedas. – Sigamo-lo,
pois, com o coração sinceramente contrito e penetrado, no caminho doloroso que
aceitou trilhar por nós.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Sob o peso constrangido / Cai Jesus desfalecido / Pela tua salvação! (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO IV. Jesus encontra sua
Mãe Santíssima.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
IMENSA foi a aflição da mãe e do Filho, neste
crudelíssimo encontro. Maria, porém, conhecia o plano divino, sabia que Jesus
havia de ser imolado pela glória do Pai e Redenção do mundo, e dela também era
o holocausto. – Alcance-nos a Mãe do Salvador, os sentimentos de suas virtudes heroicas
com perfeita imitação do seu divino Filho.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Da Mãe sua imaculada / Quando a encontra desolada / Vê a imensa comoção! (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO V. O Cirineu ajuda
Jesus a carregar a cruz.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
MEDITEMOS o ato que permite aqui Jesus. Não lhe
falta a força àquele que sustenta o universo; quer, porém, ensinar-nos,
aceitando tal auxílio, que nos devemos ajudar uns aos outros, no caminho da
vida, com serviços e obséquios recíprocos.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Um auxílio lhe é imposto / Já sem força, em sangue o rosto / Não recusa o Cirineu! (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO VI. A Verônica enxuga a
face de Jesus.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
DULCÍSSIMO Jesus meu! Assim como recompensastes a
compassiva e generosa Verônica, com vosso retrato, no véu que enxugou vosso
rosto sagrado, dignai-vos de imprimir em nossos corações vossa imagem, e os
vossos padecimentos por nós, que nunca os possa o pecado ofuscar ou delir.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Eis a face ensanguentada / Por Verônica enxugada / Que no pano apareceu (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO VII. Jesus cai, segunda
vez.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
SUCUMBE de novo o Divino Cordeiro, ao peso dos
nossos pecados, antes que do lenho ignominioso. Ergue-se logo, continua sua
marcha para o Calvário. – Exemplo para nós, de nunca entregarmo-nos ao
desalento: retemperando-os com nova graça nas águas benditas da penitência.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Novamente desmaiando / No caminho tropeçando / Cai por terra o Salvador (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO VIII. Jesus consola as
mulheres de Jerusalém.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
“NÃO choreis por Mim, chorais antes por vós e por
vossos filhos”, diz Jesus as mulheres de Jerusalém, pensando só
nas calamidades iminentes sobre sua pérfida pátria... E nos ensina que mais
agradável lhe será nossa compaixão, se primeiro chorarmos nossos pecados, causa
que são do seu sacrifício.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Das matronas que choravam / Que a gemer o acompanhavam / Consolar busca Ele a dor (2x).
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO IX. Jesus cai, terceira
vez.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
TANTAS e tão graves são as nossas ofensas, que de
novo prostram o nosso Salvador. – O que, porém, lhe causa tristeza mortal, é
que será baldado[1] para muitos, o sangue que
derrama. Não sejamos nós ingratos tais, protestemos antes, corresponder
amorosamente à sua divina graça.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Cai exausto vez terceira / Sob a carga tão grosseira / Dos pecados e da cruz (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO X. Jesus despido da
túnica inconsútil[2].
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
ARRANCARAM-LHE os algozes a túnica inconsútil,
pegada ao corpo pelas feridas sem conta da flagelação, e o despojaram, à vista
do amotinado povo. – E eu, seu discípulo, tão apegado às vaidades, tão cobiçoso
dos bens presentes... Livrai-me Senhor, e restituí-me a veste nupcial da vossa
graça!
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Já do algoz as mãos agrestes / As sangrentas, pobres vestes / Vão tirar do bom Jesus (2x).
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO XI. Jesus pregado na
cruz.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
QUE atroz suplício sofreria nosso Redentor, quando
lhe transpassaram as mãos e os pés sagrados com enormes cravos, e o crucificaram!
Com este sangue a correr em jorro, conheçamos o preço d’uma alma, e quanto
custou a nossa. Detestemos o pecado, causa de tantas dores. Prendei, Senhor e
Redentor meu, à vossa cruz minha vontade, nada a separe da vossa.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Sois por mim à cruz pregado / Duramente torturado / Com cegueira e com furor (2x).
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO XII. Jesus expira na
cruz.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
DEPOIS de três horas de agonia, expira o nosso
Redentor. Logo o céu, o sol, a lua, a terra, as pedras, todos os elementos
comovem-se em pavoroso assombro... – Choremos nossas iniquidades, causa desta
morte, e prometamos a Jesus pagar amor com amor, procurando com zelo ardente a
salvação das almas.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Por meus crimes padecestes / Meu Jesus por mim morrestes / Quanta angústia, quanta dor! (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO XIII. Jesus descido da
cruz.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
MARIA recebeu em seus braços o corpo inânime[3] de seu adorado Filho.
Então mais fundo que nunca lhe penetrou à alma o gládio[4] profetizado outrora por
Simeão. Então seria aquela dor grande como o mar... – Ó Mãe dolorosíssima,
nossas culpas foram a causa do martírio vosso, e de vosso Filho; suplicai-lhe
por nós, que nos penetre o coração o sincero arrependimento e o firme propósito
de emenda para todo o sempre.
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
Já da cruz Vos despregaram / E a Maria Vos deixaram / Que terrível aflição (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
ESTAÇÃO XIV. Jesus depositado
no sepulcro.
V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi
R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.
O SEIO do Pai eterno, o seio da Virgem, a gruta de
Belém, a cruz do Calvário, o sepulcro de Gethsemani... Aqui termina a
fulgurante carreira do nosso Redentor... Aí está debaixo de enorme pedra! Tudo
para me salvar... e eu tão pouco farei pela minha
salvação que tão caro custou a Jesus Deus-Homem!
PAI NOSSO – AVE MARIA – GLÓRIA AO PAI.
V. Miserere nostri, Domine
R. Miserere nostri
Gravai,
ó Mãe Santa, em meu coração, as chagas de Jesus Crucificado.
No sepulcro Vos puseram / Mas os homens tudo esperam / Que os salvou Vossa paixão (2x)
Pela Virgem Dolorosa / Vossa Mãe tão piedosa / Perdoai-me meu Jesus! (2x)
Conclua-se com a seguinte oração que
tem anexos 300 dias de indulgências.
SENHOR meu Jesus Cristo, que para resgatar o mundo
quisestes nascer, ser circuncidado, reprovado pelos ímpios Judeus, entregue com
um ósculo pelo traidor Judas, amarrado e levado ao sacrifício como um cordeiro,
arrastado pelas ruas, levado com tanta ignomínia aos tribunais de Anás, Caifás,
Pilatos e Herodes, acusado por falsas testemunhas, cruelmente rasgado com cinco
mil e tantos açoites, ludibriado, cuspido com repugnantes escarros, coroado com
setenta e dois agudos espinhos, fustigado com a cana... que vos tapassem os
olhos por zombaria, que vos despissem, vos pregassem com três cravos, e vos
erguessem na cruz no meio de dois ladrões... que vos dessem a beber vinagre
e fel, e vos transpassassem o coração com a lança!... Ó piedosíssimo Redentor,
por tantas dores e penas, por nosso amor padecidas, e que nós vamos meditando
agora, livrai-nos das penas do inferno, levai-nos ao paraíso, como o ladrão
convosco crucificado, ó meu bom e dulcíssimo Jesus, que com o Pai e o Espírito
Santo, viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.
União Sacerdotal Marcel Lefebvre - Resistência Católica
Missão São
José – Santo André / SP
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