Meditações de Santo Afonso de Ligório a Novena de Natal 1º Dia – 16 de dezembro
Dedi te in lucem gentium, ut sissalus mea usque ad extremum terrae.
Eu te estabeleci para luz das gentes, a fim de seres a salvação que eu envio até a
última extremidade da terra (Is 49,6).

A essa proposta Jesus Menino não se entristece, antes se alegra, aceita-a com amor e
exulta: Dá saltos como gigante para percorrer o seu caminho. Desde o primeiro instante
de sua encarnação, Ele se dá todo ao homem e abraça com alegria todas as dores e
humilhações que deve sofrer no mundo por amor dos homens. Essas foram, diz S.
Bernardo, as montanhas e as colinas escarpadas que Jesus Cristo teve de escalar para salvar
os homens: Ei-lo, aí vem saltando sobre os montes, atravessando os outeiros.
Notemos bem: enviando-nos seu Filho como Redentor e Mediador de paz entre Ele e
os homens, Deus Padre obrigou-se de certo modo a perdoar-nos e a amar-nos; entre o Pai
e o Filho interveio um pacto em virtude do qual o Pai devia receber-nos em sua graça,
contanto que o Filho satisfaça por nós à divina justiça. De seu lado, o Verbo também se
obrigou a amar-nos, não por causa do nosso mérito, mas para cumprir a misericordiosa
vontade de seu Pai.
Afetos e Súplicas
Meu caro Jesus, se é verdade, como a lei o declara, que se adquire o domínio pela
doação, vós me pertenceis porque o vosso Pai vos deu a mim: é por mim que nascestes, a
mim fostes dado: Nasceu-nos um Menino, foi-nos dado um Filho. Posso pois dizer: Meu
Jesus e meu tudo. Já que sois meu, todos os bens me pertencem. O vosso apóstolo me
assegura: Como não nos dará também com ele todas as coisas? Por isso, meu é o vosso
sangue, meus os vossos méritos, minha a vossa graça, meu o vosso paraíso. E se sois
meu quem poderá jamais arrancar-vos de mim? Ninguém poderá tirar-me o meu Deus.
Assim dizia com júbilo S. Antão Abade; assim também quero dizer no futuro. É verdade
que vos posso perder ainda e afastar-me de vós pelo pecado; mas, ó meu Jesus, se no passado os abandonei e perdi, arrependo-me agora de toda a minha alma, e estou resolvido a perder
tudo, a própria vida, antes que tornar a perder-vos, ó Bem infinito e único amor de minha alma.
— Agradeço-vos, Pai eterno, por me terdes dado vosso Filho; e já que mo destes todo, eu
miserável dou-me todo a vós. Pelo amor desse Filho adorável, aceitai-me e prendei-me com cadeias
de amor a meu Redentor, mas prendei-me tão estreitamente que possa dizer com o apóstolo:
Quem me poderá ainda separar de meu Jesus? — E vós, meu Salvador, se sois todo meu, sabei
que sou todo vosso. Disponde de mim, e de tudo o que me pertence como vos aprouver. E como
poderia eu recusar alguma coisa a um Deus que me não recusou o seu sangue e a sua vida?
Maria, minha Mãe, guardai-me sob vossa proteção. Já não quero ser meu, quero ser todo do
meu Senhor. A vós compete tornar-me fiel, confio em vós.
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