Meditações de Santo Afonso de Ligório para a Novena de Natal 6º Dia – 21 de dezembro
Factus sum sicut homo sine adjutorio, inter mortuos liber.
Tornei-me como um homem sem socorro, abandonado entre os mortos (Salm.
87,5).
O seio de Maria foi, pois, para o nosso Redentor uma prisão voluntária, porque
era uma prisão de amor; não foi, todavia, uma prisão de injusta: Jesus era inocente,
mas se oferecera para pagar as nossa dívidas e expiar as nossas iniquidades. É pois
com razão que a divina justiça o conservou assim encerrado, começando a exigir por
esta primeira pena a satisfação que lhe era devida.
Eis a que se reduz o Filho de Deus por amor dos homens: priva-se de sua
liberdade e se coloca em cadeias para livrar-nos das cadeias do inferno. E nós
poderíamos sem injustiça não corresponder com gratidão e amor à bondade daquele
que, sem estar a isso obrigado, mas por puro afeto para conosco, se fez nossa caução e
nosso libertador, que se ofereceu para pagar nossas dívidas e de fato as pagou com
sua vida divina, e se carregou das penas devidas aos nossos crimes? Não te esqueças,
diz o Sábio, do benefício que te tez o que ficou por teu fiador, porque ele expôs á sua
vida por ti.
Afetos e Súplicas.
Sim, meu Jesus, o vosso profeta tem razão de advertir-me a não esquecer a
graça inapreciável que me fizestes. Eu era o devedor, o culpado; e vós inocente, vós, o
meu Deus, quisestes expiar minhas faltas com vossas dores e com a vossa morte. Mas
eu, depois disso, esqueci os vossos benefícios e o vosso amor e tive a audácia de
voltar-vos as costas, corno se não fôsseis o meu soberano Senhor, e um Senhor que
me amou tanto! Mas, meu caro Redentor, se no passado fui ingrato, estou resolvido a
não cometer mais a mesma falta: os vossos sofrimentos e a vossa morte serão o objeto
contínuo dos meus pensamentos; recordar-me-ão sem cessar o amor que me tendes.
Maldigo esses dias em que, esquecido do que sofrestes por mim, fiz uso tão mau da
minha liberdade; vós ma destes para eu vos amar, e dela me servi para vos ultrajar!
Mas hoje, consagro-vos inteiramente essa liberdade que recebi de vós. Por favor,
Senhor, preservai-me da desgraça de me ver outra vez separado de vós e caído na
escravidão de Lúcifer. Prendei minha pobre alma aos vossos sagrados pés pelas cadeias do vosso amor a fim de que se não separe jamais de vós. — Padre eterno, pelo
cativeiro de Jesus no seio de Maria, livrai-me das cadeias do pecado e do inferno.
E vós, ó Mãe de Deus, socorrei-me. Tendes o Filho do Altíssimo encerrado em
vosso seio e estreitamente unido a vós: já que Jesus é vosso prisioneiro, fará o que lhe
disserdes. Ah! dizei-lhe que me perdoe, dizei-lhe que me torne santo. Ajudai-me,
minha Mãe, eu vos conjuro pela graça e honra que Jesus Cristo vos fez de habitar nove
meses em vós.
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